Os sinais das doenças cardíacas e outras condições cardiovasculares podem ocorrer em qualquer parte do corpo, da cabeça aos pés. Por vezes não são assim tão óbvios e, por isso, são normalmente ignorados. De seguida apresentamos 4 sintomas que deve ter em mente, alguns dos quais o podem surpreender.
Pés e tornozelos inchados
Existem muitas razões que levam ao inchaço dos pés ou tornozelos e muitas delas não são motivo de alarme ou preocupação. Podem ser resultado de um dia cansativo, de uma longa caminhada ou de uma possível lesão, como uma pequena entorse.
No entanto, pés e tornozelos inchados também pode ser sinónimo de uma condição mais grave, relacionada com o coração e restante sistema cardiovascular.
Insuficiência venosa crónica (IVC) ocorre quando as veias têm dificuldade em devolver o sangue ao coração. É mais comum ser resultado de coágulos de sangue que estão a impedir o bom fluxo sanguíneo ou varizes, isto é, quando as válvulas que impedem o fluxo de sangue de volta ao coração estão danificadas.
Embora as veias varicosas possam ocurrer em qualquer parte do corpo, as pernas são os membros mais suscetíveis de serem afetados.
Estima-se que 1 em cada 4 mulheres e 15% dos homens vive com IVC nos Estados Unidos.
O inchaço dos pés e tornozelos é um sintoma comum de insuficiência venosa crónica que pode ser tratado através de meias de compressão, medicamentos e cirurgia. Caso a IVC não seja resolvida, é possível que surjam complicações graves e potencialmente fatais, como por exemplo a trombose venosa profunda.
Outra doença cardiovascular relacionada com inchaço dos pés e tornozelos é a insuficiência cardíaca congestiva (ICC).
Insuficiência cardíaca congestiva significa que o coração é incapaz de realizar plenamente a função de bombardeamento do sangue pelo resto do corpo.
ICC pode levar a edema, ou seja, à acumulação de fluído nos vasos sanguíneos, causando inchaço dos tecidos circundantes. Em geral ocorre nos pés, tornozelos e pernas (edema periférico) devido, simplesmente, à gravidade.
O inchaço costuma levar ao chamado “endema de pitting”, porque quando pressionada com o dedo, a pele fica com a marca da pressão.
A insuficiência cardíaca congestiva está longe de ser a única causa de edema. Pode também ser resultado da ingestão de certos medicamentos, gravidez ou da doença hepática. De qualquer forma, não deve ser ignorada.
De igual modo, não podemos pensar de imediato que o inchaço é com certeza sinal de uma condição cadiovascular, mas convém ter em consideração que pode ser uma das hipóteses.
Calvície masculina: percursor de doenças cardíacas?
O elo de ligação entre calvície masculina (alopecia androgenética) e doenças cardiovasculares tem sido um controverso tópico de debate ao longo dos anos.
Um estudo de 1979 conclui que não existe “nenhuma associação entre doença arterial coronária (DAC) e alopecia masculina”.
Estudos posteriores lançaram resultados mistos. Em 2015, uma pesquisa sobre o mesmo tópico argumentou que “não havia relação entre o aparecimento, gravidade e idade de ocorrência da calvíce masculina e as medidas de Gensini e Rentrop, medidas importantes da DAC.
No entanto, dois anos antes, investigadores japoneses disseram que homens com menos cabelo na zona da nuca (coroa da cabeça) eram 32% mais propensos a ter DAC.
Um dos mais recentes estudos, desenvolvido na Índia e incluíndo mais de 2000 de homens com menos de 40 anos, também concluiu que existia uma ligação entre calvície prematura e a doença arterial coronária. Além disso, associou também o envelhecimento prematuro à doença.
O grupo etário estudado nesta última pesquisa é significativo, uma vez que factores de risco bem estabelecidos (pressão arterial elevada, níveis de colesterol, obesidade, etc.) são menos eficazes na deteção de DAC em pessoas mais jovens.
Se a alopecia androgenética é realmente um sinal de doença cardíaca, isto pode ajudar a facilitar a detecção em idades mais jovens.
E quanto às mulheres?
Apesar de ser muito mais comum ouvirmos falar de calvície masculina, a alopecia não é uma condição exclusiva ao género. Contudo, nas mulheres tende a causar o enfraquecimento do cabelo, tornando-o mais fino e não chega a causar uma queda acentuada de todo ou de uma parte do cabelo.
Um estudo investigou especificamente a ligação entre alopecia androgénica e DAC em mulheres com menos de 55 anos.
Foi encontrada uma conexão “estatisticamente significativa”, corroborando as investigações que confirmavam uma relação entre calvície e DAC nos homens.
Se realmente existe uma ligação, permanece a eterna questão: Porquê?
Dr. Kamal Sharma, principal investigador responsável pelo estudo na Índia, sugeriu que "a possível razão pode ser o processo de envelhecimento biológico, que é mais rápido em certos pacientes e pode ser refletido em alterações capilares".
Outra teoria é que os hormônios que regulam os folículos pilosos também influenciam as atividades cardiovasculares, particularmente as dos andrógenos, como a testosterona nos homens.
Apesar disso, até que haja evidências que liguem directamente os mecanismos da alopecia androgenética aos da doença cardíaca, nada pode ser feito para mitigar o risco.
Em última análise, a alopecia androgenética não é um fator de risco controlável no caso da DAC.
No entanto, as evidências sugerem que há uma chance razoável de que algumas das causas subjacentes da queda prematura de cabelo sejam partilhadas com as das doenças cardíacas.
Estar ciente da possível ligação significa que aqueles que vivem com alopecia androgenética - tanto homens como mulheres - podem estar mais atentos aos sintomas da doença cardíaca. Pode até funcionar como incentivo para prestar mais atenção aos factores de risco da DAC que são controláveis, tais como dieta e exercício.
Palpitações cardíacas
As palpitações cardíacas são bastante comuns e nem sempre são motivo de preocupação.
O tipos de palpitação geralmente inofensivos são as contrações atriais prematuras e as contrações ventriculares prematuras, dependendo qual a cavidade do coração afetada.
As palpitações podem ser causadas por ansiedade, stress, álcool, cafeína, nicotina ou atividade física extenuante.
Como no geral são inofensivas, é um problema que habitualmente é ignorado ou passa despercebido e não é levado como algo sério.
No entanto, as condições subjacentes também podem causar um batimento cardíaco irregular. Tais condições são chamadas de arritmias cardíacas, sendo uma das mais comuns a fibrilação atrial e não devem ser ignoradas.
Quem tem fibrilação atrial é cinco vezes mais propenso a ter um acidente vascular cerebral do que a população em geral.
Outras arritmias cardíacas levam o coração a bater demasiado depressa (taquicardias) ou demasiado devagar (bradiarritmias).
As arritmias cardíacas podem ser tratadas com alterações no estilo de vida, medicação ou cirurgia ou podem não necessitar de qualquer tratamento. Depende do tipo de arritmia e da gravidade, determinada somente por um médico.
A chave é compreender quando uma palpitação cardíaca pode ser um sinal de tal condição, para que possa ser avaliada.
Um dos sinais é quando a palpitação ocorre mas não quando uma das causas comuns mencionadas anteriormente (ansiedade, estresse, álcool, cafeína, nicotina ou exercícios extenuantes) estão presentes.
Palpitações frequentes, de longa duração ou mais severas também deve ser um alerta vermelho.
Se palpitações cardíacas são acompanhadas por outros sintomas, como dor no peito, desmaio, falta de ar ou tontura, deve procurar de imediato atendimento médico de emergência.
Como referido anteriormente, palpitações cardíacas são comuns e geralmente inofensivas. No entanto, entender quando podem ser um sinal de algo mais sério é importante para perceber o risco de um ataque cardíaco, parada cardíaca, acidente vascular cerebral e outras complicações relacionadas.
Ressonar e Apneia do Sono
Estima-se que 40% dos homens adultos e uma em cada quatro mulheres adultas ressona.
Muitas pessoas simplesmente aceitam essa condição como um infeliz acaso da vida e nunca procuram ajuda médica.
Contudo, se ressona muito, pode estar vivendo com apneia obstrutiva do sono, o que pode ter sérias implicações para o coração.
A apneia obstrutiva do sono faz com que a respiração pare temporariamente enquanto dorme, pois os músculos da garganta entram em relaxamento.
Este processo pode acontecer repetidamente durante toda a noite. A queda subsequente nos níveis de oxigênio pode aumentar a pressão arterial e danificar o sistema cardiovascular, aumentando a probabilidade de insuficiência cardíaca, ataque cardíaco, arritmia cardíaca e derrame.
Ressonar é apenas um sinal da apneia do sono e não ocorre em todos os casos. Outros incluem: sentir-se cansado e irritável, mesmo tendo dormido a noite inteira, acordar com a boca seca e/ou dor de cabeça. Pode também sentir-se ofegante durante o sono.
Já o ronco pesado é o sintoma mais reconhecível e não deve ser ignorado. Isto pode significar que está a ignorar um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares.
Se ressona de forma intensa e nunca falou com um médico, mais vale prevenir que remediar e fazê-lo o quanto antes!
O tratamento pode não só ajudá-lo a conseguir uma noite de sono com maior qualidade, mas também proteger o seu coração de problemas graves.
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