Sabia que as mulheres nem sempre têm os mesmos sintomas de ataque cardíaco do que os homens? Este Dia Internacional da Mulher, falamos-lhe de 3 sintomas de enfarte em mulheres que não deve ignorar.
Ataques cardíacos e sintomas incomuns
Para as mulheres, os sintomas de ataque cardíaco (ou enfarte do miocárdio) nem sempre são as clássicas dores no peito. Por terem frequentemente sintomas mais discretos e diferentes dos dos homens, muitas nem sequer se aperceberem de que estão a ter um ataque cardíaco. Demoram, por isso, mais tempo a procurar um médico.
A ideia de que as mulheres estão menos sujeitas a ter problemas cardíacos não é um mito. O motivo é o nível tendencialmente mais alto de estrogénio, que tem uma função protetora do sistema cardiovascular. Segundo os dados da American Heart Association, apenas 10 em mil mulheres americanas dos 35 aos 44 anos morrem anualmente de enfarte ou doença coronária, em contraste com os 25 homens da mesma faixa etária. Mas as discrepâncias vão diminuindo à medida que a idade aumenta. Os níveis de estrogénio caem depois da menopausa, por isso o nível de proteção também.
Os estudos sugerem também que as mulheres se tendem a concentrar na prevenção e rastreio de outros problemas de saúde, como o cancro da mama, e a negligenciar as doenças coronárias. Mas isto não é necessariamente sensato.
De facto, as consequências de um enfarte podem ser ainda mais graves para as mulheres do que para os homens. As mesmas diferenças na espessura das artérias coronárias que tornam os sintomas de um enfarte diferente para homens e mulheres também tornam o tratamento mais difícil nas pacientes do sexo feminino. Segundo a Harvard Medical School, as mulheres têm probabilidades muito maiores de morrerem até um ano depois de um ataque cardíaco e não costumam reagir tão bem aos anticoagulantes.
Fadiga extrema
Mais de 70% das mulheres sentem fadiga extrema antes de um ataque cardíaco. Tornam-se incapazes de realizar até tarefas simples como apanhar um objeto ou caminhar pequenas distâncias. É comum isto coincidir também com perturbações do sono. Muitas mulheres relatam ter deixado de conseguir dormir adequadamente poucos dias antes do enfarte, o que pode camuflar ainda mais o sintoma de fadiga extrema. Mas esta alteração dos padrões de sono chega a começar com meses de antecedência. Fraqueza, falta de ar e tonturas também costumam vir associadas.
Náuseas
Náusea, dores de estômago e indigestão não são sintomas que costumamos associar a problemas de coração. Mas a náusea é um sintoma para 36% das mulheres que sofrem um ataque cardíaco. A indigestão afetou 39%. Algumas pessoas chegam mesmo a vomitar. Por isso, se tem problemas de coração ou está num grupo de risco, o desconforto gástrico não pode ser desvalorizado.
Dores nas mandíbulas e estômago
Embora possam sentir a mesma dor e dormência nas zonas do peito e do ombro que costuma afetar os homens, as mulheres também podem ter sintomas diferentes. De facto, nos estudos citados pela Harvard Health Association, apenas uma em cada oito mulheres se queixou de dor ou pressão no peito. Mas é comum sentirem dores nas mandíbulas, nas costas, no pescoço ou até nos ouvidos quando estão prestes a ter um enfarte. Estes sintomas são, mais uma vez, fáceis de ignorar ou de atribuir a outras causas.
O motivo pelo qual a dor se “espalha” desta forma é a própria anatomia feminina. O facto de as veias serem mais finas faz com que a dor seja menos localizada e aguda do que nos homens.
Outros dos sintomas a que vale a pena estar atenta são:
- Falta de ar
- Ansiedade
- Palpitações cardíacas
- Suores frios
Cautela, no feminino
Os fatores de risco são iguais para os homens e para as mulheres: hipertensão, excesso de peso, tabagismo e propensão familiar aumentam as hipóteses de se sofrer um ataque cardíaco. Se faz parte de algum destes grupos, deve ser especialmente cautelosa. É verdade que muitos dos sintomas incomuns de ataque cardíaco podem ser manifestações de problemas bastante menos graves, mas é essencial prestar atenção aos sinais do seu corpo.
No Brasil, as taxas de mortalidade para enfartes nas mulheres já começaram a diminuir. Em Portugal, 13 das 30 pessoas em 100 mil que morrem de enfarte do miocárdio todos os anos são mulheres. Mas é preciso investir ainda mais na sensibilização se queremos que estas estatísticas continuem a melhorar. Partilhar informação é apenas uma das pequenas coisas que podemos fazer pelas mulheres nas nossas vidas.
Outros artigos MyTherapy: