Por que é bom ter amigos com diabetes?

Quem tem amigos adoece menos, vive mais e é mais feliz... Beatriz nos conta porque é importante ter amigos que vivem com a mesma condição de saúde que você

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Beatriz Scher

“Quem tem amigos adoece menos, vive mais e é mais feliz”. De acordo com o psiquiatra Daniel Martins de Barros¹, diversos estudos conduzidos ao redor do mundo têm indicado que ter amigos não apenas melhora a qualidade de vida, mas também pode fazer com que você viva mais. E quando esses amigos têm a mesma doença ou condição de saúde que você? Os tornam ainda mais próximos ou não? Neste post, resolvi contar um pouco da minha história para vocês e o quanto ter amigos com diabetes mudou a minha vida.

Como tudo começou

Há quase 3 anos, quando criei o blog Biabética, eu não conhecia muita gente com diabetes. Eu vivi por 15 anos conhecendo no máximo 3 pessoas com diabetes tipo 1. Eu vivia bem, mas sabe quando falta alguma coisa? Eu não sabia o que era. Até que um belo dia a minha endocrinologista, Dra Solange Travassos, me sugeriu que eu usasse um sensor de glicose por questões de segurança no tratamento e eu resolvi pesquisar online sobre esse tal sensor.

“Eu vivi por 15 anos conhecendo no máximo 3 pessoas com diabetes tipo 1.”

Achei pouquíssima informação em português. Então, resolvi entrar no Instagram e colocar a hashtag do nome do sensor (vai saber o que me levou a tomar essa atitude que mudou a minha vida). Me surpreendi ao ver que tinha muitos docinhos com perfis estrangeiros de diabetes e alguns poucos aqui no Brasil.

Resolvi criar um perfil de diabetes também de brincadeira para compartilhar o pouco que sabia sobre diabetes, e também o meu dia a dia com a bomba de insulina. Como consequência, acabei fazendo amizades com alguns perfis que já existiam no Brasil. Amizades que vou levar para toda a vida.

Mudança de paradigma

Antes do Biabética, o diabetes era indiferente pra mim. Eu sempre tive a consciência de cuidar para evitar complicações. A rotina de medir, contar carboidratos e corrigir era somente minha, não compartilhava com ninguém. E quando a bad batia, também não compartilhava com ninguém.

Depois da criação do blog, comecei a receber muitas mensagens de pessoas iguais a mim, passando pelos mesmos medos e dificuldades que um dia passei. E a cada dia que passava, eu me via mais ligada com essas pessoas, e cada vez menos deslocada no mundo.

“E a cada dia que passava, eu me via mais ligada com essas pessoas, e cada vez menos deslocada no mundo.”

A convivência diária com meus amigos da Academia dos Novos Diabéticos (depois conto a história da Academia para vocês!) e com os meus leitores fez com que eu me sentisse incluída em algo, algo que não é físico e eu não sei explicar. Mas sinto que faço parte de um todo e sinto que todo mundo desse “todo” entende exatamente o que eu falo, quando estou com uma dor de cabeça e uma “sede de deserto da hiper”, ou quando estou curtindo a “vibe da hipo”. Eles entendem. Eles também sentem.

Meus amigos realmente me entendem

Hoje em dia, conheço tanta gente com diabetes que já até perdi a conta. E percebi uma coisa: quando você se mistura com os demais parecidos você, você se torna igual aos outros. Você se torna mais um no meio. Antes de conhecer tanta gente eu não me sentia anormal, mas me sentia diferente. Só EU tinha aquilo, só EU precisava furar o dedo, só EU precisava me preocupar com a minha glicemia. Tentava explicar para as pessoas que não tinham diabetes como era, tentando fazer com que elas entendessem o que eu sentia. Em vão! Eles nunca vão saber. Porque só quem tem sabe como é.

Não adianta a gente achar que nossa mãe, nosso pai, namorado, amigos sabem o que estamos passando. Eles não sabem. Eles têm uma ideia, mas de fato não sabem de nada. Eles tentam nos confortar e nos apoiar (o que é maravilhoso), mas em alguns casos não é o suficiente.

“Antes de conhecer tanta gente eu não me sentia anormal, mas me sentia diferente.”

Por isso digo que se misturar com os iguais, é uma forma de cura para a aceitação do diagnóstico. Às vezes o apoio e sessões de terapia podem não ser o suficiente. Eu penso que muitas vezes apenas se sentir incluído e acolhido pode curar os sentimentos internos da não aceitação do diagnóstico. Por isso, é importante se relacionar com seus semelhantes!

Pra mim, quem não tem diabetes é que é diferente.

Se você tiver se sentindo sozinho no mundo, isolado e único, tenho algo a te falar: não se feche. Existem milhões de pessoas iguais a você procurando por uma amizade sincera (sincera mesmo). A internet tá aí pra unir todos nós. Muitos dos meus amigos doces são virtuais, mas isso não quer dizer que eles sejam menos amigos por causa disso. Não se isole, procure outros iguais a você e sinta o prazer de se abrir com quem realmente entende o que você está passando. Se ofereça para ser esse ombro amigo de quem está precisando também. Vamos dar e receber mais amor doce!

Um beijo, Beatriz

Fontes:

- ¹Site Estadão. A importância dos amigos verdadeiros. Pesquisa feita em 16/08/18


Caso se você quiser compartilhar a sua experiência vivendo com diabetes tipo 1, não hesite em contactar Clara.


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