Menstruação atrasada: O que é a amenorreia hipotalâmica?

Stress, restrição calórica e exercício excessivo podem interromper a menstruação.

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Rita

O ciclo menstrual é influenciado por muitos factores. Mas se deixou de ter o período depois de começar a praticar exercício físico de forma intensa, a explicação pode ser a amenorreia hipotalâmica. Stress, restrição calórica e exercício excessivo são os ingredientes do cocktail que pode estar a interromper a sua menstruação.

No ano passado, a Sara decidiu cumprir com as resoluções de ano novo. Inscreveu-se num ginásio e passou a ser mais cuidadosa com a comida. Entretanto foi-se entusiasmando. Passa cada vez mais tempo a fazer exercício e está cada vez mais atenta ao que come. Está a emagrecer, a ver melhores resultados no ginásio. Sente-se mais saudável do que nunca.

E depois deixa de ter o período.

Há muitas potenciais explicações para o que se está a passar com a Sara. Ela pode estar sujeita a níveis invulgares de stress, ter uma tiróide demasiado ativa ou ter Síndrome do Ovário Policístico <span>&#40;</span>SOP<span>&#41;</span>. Pode estar a experienciar um efeito secundário de um método contraceptivo ou um sintoma invulgar de uma doença crónica como a diabetes. Pode até estar grávida.

Mas também é possível que o problema da Sara seja amenorreia hipotalâmica.

O que é a amenorreia?

O termo amenorreia refere-se à ausência de menstruação. A amenorreia primária é diagnosticada em adolescentes que nunca tiveram a primeira menstruação – aos 14 anos se a rapariga não tiver entrado na puberdade e aos 16 se já teve as mudanças corporais associadas a ela.

A amenorreia secundária, de que a Sara está a sofrer, aplica-se a mulheres que tiveram ciclos regulares ou semi-regulares mas agora não têm o período há pelo menos 3 meses.

Mais uma vez, a amenorreia pode ter várias causas. Mas a amenorreia hipotalâmica funcional (AHF) é responsável por cerca de 35% dos casos da forma secundária. O diagnóstico costuma ser considerado quando se excluem as outras possíveis causas de amenorreia e resulta de uma combinação de stresse, perda de peso e actividade física excessiva que compromete o equilíbrio hormonal. Há uma redução da secreção de Hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH) e deixa de haver ovulação.

É um dos vértices da chamada “tríade da mulher atleta” (ou tríade da atleta) – composta por défice nutricional, amenorreia e osteoporose. O fenómeno é particularmente comum em mulheres e raparigas que competem em desportos em que é importante ser “leve”, como a ginástica e a natação, mas também pode ser diagnosticado em mulheres que fazem exercício de forma recreativa.

Ironicamente, os efeitos da tríade da mulher atleta tendem a piorar o desempenho desportivo. As mulheres nesta situação estão em maior risco de sofrer lesões e fracturas ósseas. A longo prazo, pode haver consequências para os sistemas endócrino, intestinal, renal e neurológico.

Embora nem todas as mulheres nesta situação sofram de distúrbios alimentares, eles são a principal razão que leva alguém a colocar-se intencionalmente numa decisão de défice calórico extremo. Hoje entendemos os distúrbios alimentares como doenças mentais, que podem afectar pessoas de todos os géneros e cujos sintomas e causas vão além do físico, mas a amenorreia fez parte dos critérios de diagnóstico de anorexia até 2013, e ainda hoje lhe é associada.

Mas o excesso de exercício físico pode levar à amenorreia hipotalâmica até quando não há restrição alimentar. O stresse é um dos factores que a desencadeia e apesar das suas comprovadas vantagens para a saúde, o exercício intenso é frequentemente interpretado pelo corpo humano como uma forma de stresse.

A corredora inglesa Tina Muir escreveu sobre como acabou por decidir deixar de correr competitivamente para restabelecer o ciclo menstrual.

Deixei de ter o período. E agora?

Não deve assumir que sofre de amenorreia hipotalâmica antes de excluir os muitos problemas de saúde que podem causar a interrupção da menstruação. Fale com o seu médico, que se encarregará de pedir as análises necessárias.

Se não houver qualquer outra razão para a ausência de menstruação, o tratamento da amenorreia hipotalâmica costuma passar por um aumento do consumo calórico, ajustado às necessidades energéticas da paciente. Também lhe pode ser pedido que reduza ou altere a sua rotina de exercício normal.

A ideia pode parecer assustadora, mas é importante que compreenda que ninguém a quer obrigar a comer barras de manteiga nem a comprometer a sua saúde. Pelo contrário. O objectivo é precisamente aprender a comer e a gerir o exercício de acordo com as necessidades do seu corpo.

Também não deve entrar em pânico. A menstruação pode demorar alguns meses a voltar, mas os efeitos da amenorreia hipotalâmica tendem a ser reversíveis e desaparecer quando há um ligeiro ganho de peso ou até apenas uma redução da intensidade da actividade física.

Se o seu problema for a alimentação, ser acompanhada por um nutricionista pode ajudá-la a aprender formas saudáveis de atingir as metas calóricas compatíveis com o seu estilo de vida. Finalmente, se suspeita que a sua relação com a comida deixou de ser saudável, é essencial que fale com um psicólogo ou psiquiatra.


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